O que é a inflação e como a medimos?
A inflação é um fenómeno económico que descreve o aumento generalizado e sustentado dos preços dos bens e serviços ao longo do tempo. Esta subida dos preços, quando muito significativa, pode ter efeitos negativos na economia e, consequentemente, na carteira das famílias.
Se a inflação avançar de forma demasiado expressiva, o poder de compra das famílias diminui. Por outras palavras, com o mesmo dinheiro vai conseguir adquirir menos coisas.
E como a medimos?
A inflação pode ser medida por vários indicadores de preços no consumo. Em Portugal, o Instituto Nacional de Estatística (INE) recorre ao Índice de Preços no Consumidor (IPC), que tem como principal finalidade medir a evolução, ao longo do tempo, do preço de um conjunto de bens e serviços representativos da estrutura de consumo das famílias num determinado espaço geográfico.
O IPC baseia-se, assim, num cabaz de consumo – escolhido de forma sistemática e com base em dados reais dos hábitos de consumo das famílias – que representa os preços dos bens e serviços consumidos, ponderados pelo seu peso na despesa total das famílias, por forma a ser possível saber o peso relativo de cada categoria de bens e serviços no orçamento familiar. Por outras palavras, os preços dos bens consumidos mais vezes pesam mais do que aqueles que são consumidos menos vezes.
Gastos em alimentação, eletricidade, água, habitação, transportes, saúde e educação são alguns exemplos das categorias que compõem este cabaz representativo. Este indicador é utilizado em vários países, mas não é o único.
Nos Estados Unidos da América, por exemplo, é mais comum utilizar-se o Personal Consumption Expenditures Price Index, um indicador na ótica dos gastos do consumidor, para analisar a evolução de preços.
Na Zona Euro, o Eurostat (gabinete de Estatística da União Europeia) recorre ao Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), um indicador semelhante ao IPC descrito acima, mas com algumas alterações que permitem harmonizar as metodologias entre vários países e, assim, comparar a inflação entre os países da União Europeia.
“Em abril, a inflação foi de 2%”: O que é que isto quer dizer?
Em todos estes casos, a inflação pode ser medida em cadeia (face ao mês/trimestre anterior), ou face ao período homólogo (o mesmo mês ou trimestre do ano anterior). Esta comparação permite dizer, por exemplo, que:
- “Em abril, os preços cresceram 2% face a março” (trata-se da variação em cadeia ou face ao mês anterior).
- “Em abril de 2025, os preços cresceram 2,5% quando comparado com abril de 2024 (neste caso trata-se da variação face ao período homólogo).
Normalmente, recorre-se à taxa de variação homóloga, já que em cadeia os preços podem refletir efeitos específicos de algumas alturas do ano, como é o caso dos preços dos hotéis no verão, por exemplo.
Os bancos centrais são, na generalidade dos países, os responsáveis por manter a inflação próxima de valores reduzidos, sendo a sua principal ferramenta a alteração das taxas de juro diretoras.
Na Zona Euro, o Banco Central Europeu (BCE), à semelhança de outros bancos centrais, definiu o teto da inflação em torno dos 2%, sendo desejável que a variação dos preços não se afaste muito deste limite.
O fenómeno da deflação
Apesar de o mais habitual ser uma subida generalizada e sustentada dos preços dos bens e serviços ao longo do tempo, por vezes assistimos a um cenário de queda, que tem o nome de deflação.
Embora à primeira vista a deflação possa parecer benéfica para os consumidores, esta tende a apresentar um impacto económico negativo. Quando os preços começam a cair de forma contínua, as pessoas e empresas tendem a adiar o consumo e o investimento, esperando que os preços fiquem ainda mais baixos no futuro.
Este comportamento pode levar a uma redução da atividade económica, e, consequentemente, aumento do desemprego. Além disso, a deflação aumenta o custo real da dívida, tornando mais difícil para famílias e empresas cumprirem os seus compromissos financeiros.
Num cenário prolongado de deflação, a economia pode entrar num círculo vicioso de recessão: menos consumo gera menos produção, que leva a mais desemprego e ainda menos consumo. Por estas razões, a deflação é vista como um fenómeno perigoso, sendo evitada ativamente pelos bancos centrais.
Por fim, no que toca à evolução generalizada do preço dos bens e serviços, pode acontecer ainda uma terceira situação: a estagflação. Este fenómeno ocorre quando se verifica uma inflação elevada combinada com uma estagnação da economia (com baixo crescimento ou até mesmo contração) e um aumento do desemprego. Esta situação é, no entanto, um fenómeno raro, acontecendo apenas em determinadas ocasiões específicas.

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE)