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Finanças

Do BCE à Euribor: como as taxas de juro mexem com a sua carteira

As taxas de juro são um dos principais instrumentos que os bancos centrais dispõem para controlar a inflação. Quando os preços de bens e serviços aumentam de forma generalizada e persistente ao longo do tempo, essas autoridades monetárias tendem a aumentar as taxas de juro, tornando o financiamento da economia mais caro, o que tende a contribuir para a estabilização dos preços. 

 

Na Zona Euro, incluindo em Portugal, a política monetária é conduzida pelo Banco Central Europeu (BCE). O Conselho do BCE, principal órgão de decisão do BCE, é composto pelos membros da respetiva Comissão Executiva e pelos governadores dos bancos centrais nacionais dos países da área do euro. O principal objetivo do BCE é manter a estabilidade de preços, que foi definida como uma meta de inflação de 2% a médio prazo.

A taxa de juro diretora, determinada pelo BCE e que serve de referência para a Zona Euro é depois aplicada aos depósitos do sistema financeiro. Por outras palavras, este será o juro a pagar pelas instituições financeiras para manter o seu dinheiro junto do banco central. Além de depositar dinheiro no banco central, e outras instituições financeiras, os bancos pedem dinheiro emprestado (assim como fazem os particulares) à autoridade monetária e aos seus pares, pelo que estas taxas de juro diretoras vão acabar também por influenciar o custo do financiamento para a economia. 

Neste contexto, surgem as taxas EURIBOR (Euro Interbank Offered Rate), que são taxas de referência do mercado monetário do euro para os prazos compreendidos entre uma semana e um ano, e servem de indexante a vários produtos financeiros, como o crédito à habitação com taxa de juro variável.

As taxas Euribor são calculadas como a média ajustada das taxas a que os 21 principais bancos da Zona Euro (incluindo a Caixa Geral de Depósitos, a única representante portuguesa) estão dispostos a emprestar dinheiro entre si sem garantias.

Por norma, ainda que haja várias taxas de juro diretoras, apenas uma é de referência. Fora da Zona Euro, por exemplo nos EUA, quem conduz esta política monetária é a Reserva Federal Americana (FED), sendo, por exemplo, a cabeça de cartaz dos juros diretores a taxa dos fundos federais. Este cenário repete-se em outras jurisdições de destaque como o Reino Unido, onde o banco central é o Banco de Inglaterra ou no Japão, com o Banco Central do Japão.

 

E qual o impacto na sua carteira?

Por exemplo, se o seu crédito à habitação estiver indexado à taxa EURIBOR a seis meses, a taxa de juro que paga ao banco é revista semestralmente, acompanhando as variações desse indexante, que pode subir ou descer.

No caso dos depósitos, uma subida ou descida dos juros que os bancos recebem para manter o dinheiro junto do banco central tende, em geral, a repercutir-se na remuneração oferecida aos clientes pelos depósitos que têm junto do banco, ainda que esta relação não seja direta nem imediata.

Em termos gerais, isto significa que a subida das taxas de juros tende a tornar os depósitos mais atrativos e os empréstimos mais caros, e o contrário sucede quando as taxas de juro descem. 

 

O efeito indireto das taxas de juro

Paralelamente, uma subida ou descida das taxas de juro tem um impacto indireto na economia, que pode ser mais ou menos contido, mediante a estratégia de política monetária do banco central.

 Por exemplo, um aumento do custo do financiamento às empresas e às famílias desincentiva o aumento do investimento e do consumo privado que, por sua vez, abranda o crescimento da atividade económica.

É por esta razão que os bancos centrais procuram, sempre que possível, uma chamada “aterragem suave”: aumentar progressivamente as taxas de juro de forma a controlar a inflação, mas sem provocar uma contração acentuada da atividade económica ou mesmo uma recessão.

 

Ainda com dúvidas sobre como mexem as taxas de juro com a sua vida? Consulte este Explicador